segunda-feira, 13 de julho de 2009

Suicídio

“Escutem - disse o rapaz. - Estamos na era das facilidades, e vou lhes contar um último requinte. Temos negócios em lugares diferentes, por isso inventou-se a ferrovia. As ferrovias infalivelmente nos separam dos amigos, por isso inventou-se o telégrafo, para que possamos comunicar-nos rapidamente através de longas distâncias… Ora, sabemos que a vida é um palco onde representamos o papel de bufões enquanto isso nos divertir. Faltava ao conforto moderno uma facilidade: uma maneira decente e fácil de sairmos do palco; a escada dos fundos para a liberdade; ou, como disse antes, a porta da Morte. Essa, meus companheiros de revolta, é fornecida pelo Clube dos Suicidas. Não pensem que vocês e eu somos únicos, ou mesmo excepcionais por acalentarmos esse desejo tão razoável. Um grande número de homens, que se cansaram do papel que lhes cabe representar dia após dia, durante a vida inteira, só não escapa por causa de certas considerações. Alguns têm famílias, que sofreriam um grande choque, ou mesmo levariam a culpa, se o assunto se tornasse público; outros têm o coração fraco e temem as circunstâncias da morte… Embora eu odeie a vida, não tenho em mim força suficiente para agarrar a morte e acabar com tudo. Para pessoas como eu, e para todos os que desejam fugir do laço sem escândalos póstumos, foi criado o Clube dos Suicidas."
Trecho do Livro Clube dos Suicidas, de Robert Louis Stevenson, extraído do Blog da Cultura.

O que leva uma pessoa a cometer suicídio? Fraqueza? Medo? Tristeza? Descrença não é, porque quem se mata crê que terá algo melhor depois dali. Será mesmo que terá? Afinal, plantamos aquilo que colhemos e se anulamos a nossa própria existência, o bem mais precioso que temos, como vamos mudar o sofrimento? A página deve ser arrancada, porém o livro não deve ser fechado por conta própria. Você deve escrever em uma nova página. Tem quem o feche por você, na hora certa.
Não estou querendo soar religiosa, apenas acho que não cabe a nós tirar a nossa própria vida. Até porque, se olharmos bem, o que é um grande sofrimento hoje pode ser uma grande tolice amanhã. É uma questão de sabedoria se manter vivo. Se estamos, é porque ainda temos muito o que fazer por aqui.
Se você vive deprê, seja porque o seu ex não te quer mais, ou porque não passou no vestibular, ou ainda perdeu o emprego; lembre que tudo é uma fase. Às vezes é até mais grave: você não tem o que comer, não vê mais sentido na vida por alguma forma... Pra tudo há um jeito: seja num amigo, em palavras de fé, esperança, ânimo, há uma maneira de levantar. Não apague a sua luz. Lembre-se da sua importância para você mesmo e para os outros. Tudo vai passar. Então o que é ruim também passa, por tabela. Tenha paciência, e verá que a vida tem sim, muito sentido.

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