quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Antecipadamente

Mariana: Mãe, eu vou fazer uma tatuagem no pulso com o nome do meu namorado, pois eu o amo e amarei para sempre!!
Mãe: Filha, você tem apenas 13 anos, não pode definir algo como eterno. Não há eternidade, não da maneira que você pensa. Você é muito novinha, viva o seu namoro, seja feliz, mas não tome decisões assim. Uma tatuagem marcará seu corpo por toda a sua vida, e você ainda não tem maturidade para isso.
Mariana cala-se. Mas não muda de pensamento. Fará a tatuagem com o nome "Rodrigo" em seu pulso, o nome do seu amor. Por ele já fez loucuras inimagináveis, e isso não era nada perto do que já fizera.
Lembra como se fosse hoje da vez que eles transaram no banheiro da balada. Só o medo de serem pegos já aumentava a vontade deles. E tamanha foi a empolgação que esqueceram do preservativo. Não aconteceu nada de ruim, mas só o risco que os dois correram...
Também já utilizou drogas por influência do namorado. Houve uma época em que ele sempre estava chapado, e p'ra não ficar tão estressada, Mariana chapava também. Morreu a menina que era a melhor do colégio. Mariana agora só ia p'ra onde seu namorado a levava, e não costumava ser um bom caminho. No entanto ela nunca contestou, até porque gostava daquela vida louca que os dois levavam. Rodrigo tinha 20 anos, mas não chegou a terminar o ginásio. Sua mãe não gostava do namoro, mas o que podia fazer? Porém a mãe incrivelmente não sabia o que a filha fazia, pensava que ela se mantinha virgem ainda, um engano.
E ela seguia a sua vida, com seu namorado. Certo dia chegou em casa e se deparou com a sua mãe na sala, com olhar choroso e o seu diário na mão.
Mãe: Mariana, o que significa isso?
Começou a ler trechos que revelava ali minha verdadeira vida. Ela chorava raivosa enquanto lia. Depois parou, como se esperasse que eu dissesse algo. Eu, em contrapartida, não conseguia balbuciar uma só palavra. Chorei, e fui até o meu quarto. Arrumei algumas coisas na mala e saí. Dei um beijo em minha mãe, que dizia: "você não tem idade p'ra sair de casa, filha!". Não mudei de idéia.
Fui morar com o Rodrigo. No início foi legal, mas depois vimos que, como agora tínhamos de nos sustentar, não tinha mais aquele amor todo, pois em nossos pensamentos só haviam preocupações. Um dia, fui em busca de emprego, e encontrei. Ao chegar em casa, Rodrigo estava enforcado, pendurado em minha frente. Ali percebi que o que minha mãe sempre me disse era certíssimo. Eu ainda era muito nova para encarar aquilo tudo. O meu amor tinha se matado, e isso só provava que ele não amava nem a si mesmo, quanto mais a mim e aos outros.
No outro dia, fui ao velório do Rodrigo. Foi muito triste e sofrido para mim, mas eu decidi algo ali: ia voltar para minha casa. E fui. Ao chegar lá, minha mãe me deu um grande abraço e disse que sempre esperou por aquele momento. Eu jurei a ela que só sairia de casa se casasse, e que ainda assim continuaria ouvindo seus conselhos, pois se eu tivesse ouvido, não teria sido tão infantil.

Pauta do Blorkutando

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